Neste sábado (10/07), entidades e profissionais da área de oftalmologia comemoram o Dia Mundial da Saúde Ocular. “A data é de extrema importância, especialmente neste período de pandemia, para lembrar as pessoas sobre a necessidade do acompanhamento oftalmológico. Principalmente, porque o diagnóstico e tratamento precoces frequentemente levam a cura da maioria das doenças oculares”, destaca o doutor Pedro Falcão, oftalmologista especializado em catarata e glaucoma, no Instituto de Olhos do Recife (IOR).

Porém, devido à pandemia da Covid-19 e às restrições dela decorrentes, consultas e procedimentos médicos, especialmente na área da oftalmologia, foram substancialmente reduzidos. “Por ser de caráter eletivo, a oftalmologia foi uma das especialidades mais atingidas pela pandemia, trazendo prejuízo para os pacientes, sobretudo aqueles com doenças preexistentes que, ao não se submeterem ao acompanhamento presencial, arcaram com o ônus do risco maior de comprometimento visual”, avalia o médico.

Dentre as condições oculares que pioraram na pandemia, destacam-se o glaucoma e a catarata. “Alguns portadores dessas patologias, especialmente idosos, justificadamente, passaram os últimos dois anos sem se submeter à necessária avaliação oftalmológica periódica, o que pode ter-lhes trazido um maior risco de dano à visão”, comenta o doutor Pedro.

Em relação à catarata, o especialista explica que a doença afeta progressivamente a transparência do cristalino (lente natural do olho), reduzindo ou impedindo a entrada do feixe luminoso que deve chegar até a retina. “Esse processo faz com que o paciente enxergue de forma embaçada, borrada e, em casos mais graves, pode provocar uma séria diminuição da visão e mesmo a cegueira temporária. Outra doença que requer prevenção e controle é o glaucoma, pois pode provocar cegueira permanente e irreversível”, alerta.

SOBRE A CATARATA – Todos estamos sujeitos ao envelhecimento dos olhos e, em 95% dos casos, a catarata tem relação com a idade. “Quando detectada, o oftalmologista faz a indicação do procedimento cirúrgico, que preferencialmente não deve ser postergado, uma vez que, hoje em dia, com as avançadas tecnologias disponíveis, não se espera mais a opacificação total do cristalino, como antigamente. A cirurgia é realizada o mais precocemente possível”, esclarece o doutor Pedro.

A estimativa de entidades oftalmológicas é que dez milhões de brasileiros, acima de 60 anos, tenham catarata. Trata-se de um número substancial de pessoas que, na terceira idade, mantêm sua rotina ativa, guiando automóveis, fazendo uso de celulares, computadores ou tablets. “A catarata, assim como o glaucoma, podem reduzir ou impedir essas atividades, prejudicando o dia a dia do paciente”, alerta o médico.

TRATAMENTO – A cirurgia de catarata costuma ser rápida e segura. Dura por volta de 15 a 20 minutos e utiliza anestesia local, tópica ou infiltrativa. “É uma intervenção com boa previsibilidade. Como não exige internamento hospitalar, a permanência no centro cirúrgico é de curta duração e o paciente recebe alta no mesmo dia”, afirma o doutor Pedro. Os excelentes resultados são provenientes do implante de lentes intraoculares. Chamadas de LIOs e fabricadas com avançada tecnologia, essas lentes substituem o cristalino opacificado pela catarata.

A exemplo do que acontece com outras cirurgias, é necessário que o paciente passe por uma avaliação pré-operatória do seu estado de saúde. Pacientes diabéticos, hipertensos e portadores de patologias inflamatórias crônicas sofrem algumas restrições, dependendo do seu controle clínico. Quadros de glaucoma avançado e retinopatias também podem ter contraindicações na escolha da lente intraocular mais adequada.

Atualmente, o especialista em catarata conta com diversos aparelhos para definir qual a LIO (lente intraocular), a medicação e o melhor procedimento para cada paciente, o que pode diferir até mesmo de um olho para o outro do mesmo indivíduo. “Nessa escolha, leva-se em consideração, inclusive, o estilo de vida e a profissão da pessoa”, diz o oftalmologista.