Co-autora e professora de Odontologia da Unit-PE teve resultado de estudo piloto publicado em revista científica internacional sobre a melatonina

Um hormônio que ajuda na regulação do sono pode ajudar pacientes internados com fraturas faciais. Esse é o resultado inicial de um estudo piloto, recém-publicado em revista internacional. Segundo a co-autora do artigo e também professora do curso de Odontologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), Suzana Carneiro, resultados iniciais mostram que o uso desse medicamento pode ajudar a reduzir momentos de estresse prévios, no período pré-operatório. Como também reduzir a dor pós-operatória e, consequentemente, diminuição do consumo de analgésico de resgate.

A doutora em cirurgia buco-maxilo-facial explica que a melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo organismo, na ausência de luz, e desempenha papel importante na regulação dos ciclos de sono-vigília. Acontece que muitos pacientes, vítimas de trauma facial, necessitam de internação e tratamento cirúrgico, em ambiente hospitalar.

Sendo assim, esse período de permanência no hospital, associado ao uso de medicações, dor, estresse e a anestesia geral podem afetar negativamente o ciclo do sono-vigília, aumentando o desconforto e diminuição do limiar de dor. “A intenção da pesquisa, que contou ainda com a participação de professores de outras instituições, foi avaliar os prováveis benefícios da melatonina em paciente internados com fraturas faciais e seus desfechos”, adiantou Suzana, também orientadora do ensaio e que já atua há 27 anos como cirurgiã na área da Odontologia.

Resultados

Após o uso da medicação, houve redução do nível de ansiedade relatada no grupo melatonina e aumento no grupo placebo. Após duas horas de cirurgia, a dor foi estatisticamente menor no grupo melatonina, em comparação com o grupo placebo. Seis horas após a cirurgia, a dor demonstrou regressão em ambos os grupos. Um total de 83,3% dos pacientes do grupo placebo fizeram uso de analgésico de resgate no pós-operatório, em comparação a 33,3% do grupo melatonina. “A melatonina foi eficaz na redução do cortisol salivar e na ansiedade após medicação e os pacientes do grupo melatonina precisaram de menos analgésicos de resgate no pós-operatório”, avalia a orientadora. Suzana conta que esse estudo piloto abre caminhos para que sejam realizadas verificações futuras com maior amostra.

Artigo

A análise – que resultou no artigo – faz parte de um trabalho de conclusão de residência em cirurgia e traumatologia buco-maxilo facial, que é uma especialidade da Odontologia. A publicação do artigo “Evaluation of the Effects of Exogenous Melatonin in Zygomatic Complex Fractures” foi no Journal of Maxillofacial and Oral Surgery. Participaram do estudo Emerson Filipe de Carvalho Nogueira, Vanessa de Carvalho Melo, Ivson Souza Catunda, Jéssica Caroline Afonso Ferreira, Suzana Célia de Aguiar Soares Carneiro & Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos.