TEXTO > ELIABE WAGNER
IMAGENS > EDUARDO SIQUEIRA E DIVULGAÇÃO

Membro e ex-presidente da Academia Pernambucana de Letras (APL), o médico e escritor caruaruense, de 81 anos, Waldênio Porto tem nove livros publicados, sendo o terceiro deles As Vinhas da Esperança – Memórias de um Xepeiro. A obra conta sua trajetória ao deixar Caruaru, para se formar em Medicina, no Recife, em 1959, pela Universidade Federal de Pernambuco, e é o único livro publicado sobre a história da Casa do Estudante de Pernambuco, local onde Waldênio morou e foi ativista dos direitos estudantis nos anos de 1940 e 1950.

O escritor é considerado um romancista e um memorialista por utilizar a pesquisa dos fatos reais e transformar essas informações verídicas em base para um novo romance. Para o autor o passado existe para que algo seja feito dele. Essa transformação de dados e documentos em um romance é perceptível em Olinda abrasada (2012). A obra começou a ser escrita seis anos antes do lançamento. O apreço pela investigação minuciosa do passado, principalmente dos mais importantes fatos de Pernambuco, levou o escritor a criar, a partir da cidade de Olinda (e, naturalmente, de sua vizinha Recife), o cenário para um enredo de conflitos amorosos, políticos, religiosos e raciais. É uma obra que conta com pelo menos 78 personalidades históricas do Estado, além de 44 personagens fictícios.

Os romances de Waldênio são como uma “história romanceada”, ou seja, uma narrativa que se atém a fidelidade histórica quando possível, mas que também se dispõe a imaginar quando os dados não são suficientes. “O passado é um cenário rico de elementos, rico de enredos e personagens. No livro, Olinda abrasada, por exemplo, tomo algumas liberdades: mostro Calabar em uma conversa com um amigo dele explicando as razões para trocar de lado”, revela o autor. Waldênio Porto não escreve apenas com o cérebro, como um frio e imparcial observador; escreve com todo o corpo, toda a alma, com o sangue, com o coração.

Entre suas obras estão: As flores que não plantei, Fernando Paulino, o cirurgião, Quando se cobrem de verde as baraúnas, A emoção da palavra, Violinos no Coque, Manhã de Carnaval e Arménio – do Tejo ao Capibaribe.

> ABDIAS MOURA, ESCRITOR, SOCIÓLOGO E BACHAREL EM DIREITO, ocupante da cadeira nº 32 da APL

“Quando me dizem que Caruaru é a “terra de Álvaro Lins e dos irmãos Condé”, acrescento mentalmente: “e de Waldênio Porto”. Refiro-me não apenas ao médico, orador e escritor de ensaios ou romances regionais, mas sobretudo ao animador cultural, o homem que conseguiu reunir no Recife, em eventos memoráveis, neste começo do século XXI, várias academias de letras de Pernambuco, do Nordeste e de países de língua portuguesa. Conheci Waldênio quando fui convidado por William Ferrer e Ana Maria César a integrar os quadros da Academia de Letras e Artes do Nordeste, que então era itinerante, reunindo-se mensalmente na residência de um dos sócios. Logo descobri o espírito comunitário daquele companheiro, sua preocupação em agregar escritores diferenciados.”

ANNA MARIA CÉSAR, ESCRITORA, ocupante da cadeira nº 05 da APL

“Minha amizade com Waldênio Porto teve início com nossos pais, no País de Caruaru. Na época, de lá partíamos para cursar faculdade no Recife. Mas os laços que nos prendiam àquela querida cidade – dele, por nascimento; minha, por adoção – nos fazia donos de um sentimento de compatrício que nos acompanhou por outras sendas. Assim, ao nos reencontramos, dessa vez no mundo literário – primeiro na Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro e depois na Academia Pernambucana de Letras – o reconhecimento da matriz interiorana nordestina fez surgir entre nós forte amizade. Acompanhei a publicação de cada um dos seus livros. Em todos, percebi o escritor telúrico, conhecedor de sua terra e de sua gente, seus falares, costumes, história, vida, enfim.”