Considerado uma doença epidêmica, o tabagismo tem relação com aproximadamente 50 enfermidades. Atento a esse problema, o Instituto de Olhos do Recife (IOR) faz um alerta sobre os danos do cigarro à visão, no Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no próximo dia 29. “Mesmo quem já parou de fumar é propenso a desenvolver doenças oculares. Por isso, esses pacientes devem fazer um acompanhamento oftalmológico mais frequente” orienta o oftalmologista Henrique Moura de Paula, especialista em oftalmologia geral, glaucoma e catarata no IOR.

O impacto do cigarro é tão prejudicial à saúde ocular que recente estudo realizado pela Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, em parceria com a Universidade Federal da Paraíba demonstrou que quem fuma um maço de cigarros por dia danifica sua visão. De acordo com os resultados, os tabagistas apresentam mudanças na percepção de cores, especialmente vermelho, verde, azul e amarelo. A pesquisa também constatou que a capacidade dos fumantes discernirem contrastes é menor.

Por terem efeitos cumulativos, os efeitos do cigarro são associados a um fator de risco para desenvolver diversas doenças oculares. “Quem fuma pode ser acometido por glaucoma, catarata, oftalmopatia de graves e degeneração macular relacionada à idade (DMRI), dentre outras patologias, que inclusive podem se agravar e levar o paciente à cegueira irreversível”, alerta o doutor Henrique.

AMEAÇA SILENCIOSA – O vício também pode potencializar outras doenças oculares, a exemplo da síndrome de olho seco. “É comum que o fumante desenvolva lacrimejamento, prurido, irritação e sensação de corpo estranho no olho. Todos são sintomas dessa síndrome, que pode ser agravada pelo tabagismo”, comenta o médico.

Outra região do olho que pode ser danificada por essa ameaça silenciosa é a retina. “As toxinas do cigarro afetam a vascularização e aumentam a oxidação dessa camada ocular. Isso favorece a degeneração da mácula, causando incômodos que vão desde a distorção visual e visão embaçada, até a perda da visão”, explica o oftalmologista.

Ainda a esse respeito, o médico lembra que a proteção da mácula é essencial, pois ela é responsável pela definição de rostos, formas, cores, sendo essencial para a leitura. “Em casos mais avançados, o tabagismo pode desencadear o surgimento de vasos sanguíneos anormais, a DMRI e, inclusive, danificar de vez a visão do paciente”.

CATARATA – Muitos fumantes também podem desenvolver, precocemente, a catarata. Isso se deve às substâncias químicas presentes na fumaça do cigarro, que podem alterar o metabolismo do cristalino do olho, acelerando o processo natural de opacificação. “Para evitar que essa ou outras doenças acometam a visão ou se agravem, as pessoas devem consultar periodicamente o oftalmologista. O ideal é que todo mundo faça isso, ao menos, uma vez por ano, mas quem fuma deve fazer esse check up com mais frequência”, orienta o doutor Henrique.

Outros pacientes que devem evitar o contato com o cigarro são aqueles que usam lentes de contato. A fumaça tende a ressecar os olhos, podendo causar vermelhidão, lacrimejamento e alergias oculares. “O cigarro é composto por muitos elementos nocivos, que facilitam a ocorrência de alergias na região dos olhos. Portanto, os usuários de lentes não devem fumar”, recomenda o médico.

PANDEMIA – Criado em 1986 pela lei federal 7.488, o Dia Nacional de Combate ao Fumo ganha ainda mais relevância nesses tempos de pandemia, pois fumar também aumenta o risco de desenvolver a forma grave da Covid-19. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) atestam que o tabagismo continua sendo a maior ameaça à saúde pública no mundo. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é que, a cada ano, mais de 150 mil pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo vício, no Brasil.

Serviço:

Dia Nacional De Combate ao Fumo (29/08)

Dr. Henrique Moura de Paula

Oftalmologista especializado em oftalmologia geral, catarata e glaucoma

Instituto de Olhos do Recife – IOR