TEXTO > ELIABE WAGNER
IMAGENS > ANDREA REGO BARROS

O projeto é uma iniciativa da prefeitura da cidade do Recife, com realização da fundação Roberto Marinho é gerido pelo instituto de Desenvolvimento e Gestão – idg. No espaço, com museografia, assinada pela artista Bia Lessa, pernambucanos e turistas podem conhecer ou relembrar histórias do frevo e de seus tradicionais personagens durante o ano inteiro. O projeto foi pen­sado para dialogar constantemente com a cidade.

O nome “frevo” teve origem da palavra “ferver”. Tudo começou no início do século XX, quando grupos saíram às ruas acompanhados de fanfarras para brincar. Mais tarde esses grupos se enfrentariam nas ruas do Recife e usariam guarda-chuvas como armas e também para despistar a polícia, que queria acabar com aqueles conflitos: os participantes das “batalhas” diziam que eram apenas guarda-chuvas, e que só estavam brincando. E foi assim que surgiu esse ritmo, que virou Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Localizado em frente à Praça do Arsenal da Marinha, no Recife Antigo, o Paço do Frevo, é um centro de referência para salvaguardar a cultura do frevo, espaço de encontro, convívio e descoberta. O objetivo de sua criação é manter vivo e difundir esse símbolo cultural genuinamente brasileiro. O espaço que já conquistou turistas e pernambucanos.
Inaugurado após a declaração do frevo como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco em 2012, o Paço oferece ao visitante a oportunidade de experimentar a história desta expressão cultural, visitando exposições fotográficas, conferindo projeções visuais, reverenciando o acervo de estandartes e flabelos de agremiações tradicionais, entre diversas outras possibilidades. O prédio possui quatro pavimentos em 1.733m², distribuídos em quatro espaços de exposição, um Centro de Documentação e Pesquisa, uma Escola de Música, uma Escola de Dança, além de um estúdio de gravação e uma sala de web-rádio. Em seus dois anos de funcionamento, o espaço recebeu mais de 200 mil visitantes.

Consolidando o frevo como referência cultural nacional e internacional e ao propagar sua prática para as futuras gerações, o Paço apresenta-se como um local de incentivo à difusão, à pesquisa, bem como à capacitação de profissionais nas áreas da dança e da música, dos adereços e das agremiações do frevo. Pautado em uma proposta educacional e com uma agenda anual que envolve a realização de oficinas, cursos e palestras, além das exposições. O desafio é consolidar mais do que um espaço de memória, um espaço de convivência, em que dançarinos, músicos e produtores culturais possam interagir com a população local e turistas, aproximando o frevo do convívio diário destes grupos.

Recentemente foi inaugurada no local, uma nova exposição temporária dedicada ao Frevo Experimental, com o intuito de renovar as suas ações durante o ano. Bia Lessa, curadora do Paço do Frevo espera que o visitante sinta a força do povo que faz parte do universo do frevo logo ao entrar no espaço. Que sejam sentidas as tradições que passam de pai para filho. “Como guardar o frevo dentro de um espaço físico limitado? Esse foi o meu maior desafio. Por essa razão, tentei imprimir seu movimento especialmente no terceiro andar, onde fitas coloridas brotam do frevo, com uma trilha sonora composta por ‘clássicos’ do carnaval pernambucano, fazendo a sala dançar”, completa Bia Lessa.